quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Arquitetura do medo - 1ª Parte:

MEDO – conforme definição do Wikipédia (Enciclopédia Livre): “É um sentimento que proporciona um estado de alerta, demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado tanto fisicamente como psicologicamente".

E tendo por base esse sentimento, faço uma relação com a arquitetura, o urbanismo e claro, com a política social.

Já se passaram os tempos da Arquitetura Antiga (Idade Média) Grega / Romana, em que se estabeleciam grande rigor nas dimensões das edificações que geralmente concentravam-se no âmbito religioso, como eram por exemplo, os templos. Se formos seguindo a historia esse contexto de monumentalidade foi perdendo força dando espaço a novos conceitos, usos e materiais. A monumentalidade em si transmite a sensação de imponência coagindo o povo ao respeito.

A arquitetura atual dita contemporânea segue diversas tendências modernas, tecnológicas, sustentáveis entre outras. Cada uma com sua utilidade e pretensão, porém, com duas grandes problemáticas: a insegurança pessoal e o medo na cidade, conseqüências de um sistema político social ineficiente, baseado na sustentação de uma estrutura hierárquica e não coletiva, reforçando a exclusão social.

Sendo assim, diante de uma população “moderna”, onde mais de 50% é desestruturada e com livre acesso a meios que podem gerar violência, nada mais comum do que a necessidade de segurança se tornar mais um item dentre tantos para a almejada qualidade de vida – citada por Oscar Niemeyer como, integração social com o meio, transparência e flexibilidade.

Tal medo surge com a incapacidade individual de não conseguir garantir o próprio sustento de suas necessidades aliado aos problemas urbanos diários, como: roubos, assaltos à mão armada, acidentes, violência, etc. O cidadão passa a ver o outro como possível inimigo, restringindo o contato com a vizinhança, esquecendo o conceito de cidadania e solidariedade, trancafiando-se em grandes casarões murados com um sistema de segurança avançado (caso da classe média alta e classe alta), em condomínios fechados ou edifícios. Enquanto isso na periferia... As condições de moradia são precárias ou em locais inadequados (chamadas construções clandestinas), construídas sem acompanhamento profissional e autorização dos órgãos competentes, onde a única lei é de que cada um se defende como pode.

Peço desculpas pela demora na atualização e deixo a parte inicial de uma discussão que chegará até a cidade onde vivo, Criciúma.

2 comentários:

  1. A arquitetura, desde quando reconhecida como arte, sempre foi elitizada. Ela acompanha todos os outros seguimentos da arte, que na antiguidade era restrito apenas a pouquissimas pessoas. Se analisarmos a linha do tempo, podemos ver que apenas apos o renascimento, os ensinamentos e as culturas começaram a ser difundidas para o seu povo, de forma mais tecnica.
    Após a segunda guerra mundial, adotamos um modo de vida que já era proposto desde a revolução industrial. O capitalismo.
    Ai a merda agarro!!! hehehe
    tudo se resumi aos bens de consumo, quanto mais bens você tem, mais acesso terá também a cultura, musica, arte, arquitetura e conhecimento.
    É um incrivel império consumista, aonde os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres...
    infelizmente estamos vivendo nessa realidade, resta a nós, estudantes de arquitetura, e arquitetos, que somos providos de um modo de vista imprescindível pra sociedade, lutarmos para que essa nova geração consiga mudar alguma coisa.

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  2. Vale lembrar, que a especulação imobiliária se aproveita desse "medo" imposto pela sociedade e usa a segurança como marketing de vendas né? E isso acaba gerando mais casarões murados, mais edifícios e as companhias de segurança privada agradecem.

    O que falta, na minha opinião, é "atualizar" a cultura e o estilo de vida na cabeça das pessoas. E não só na questão moradia, mas também na vivência urbana.

    Vou esperar chegar em Criciúma, assim podemos falar mais.

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